terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pra quem se deu.

Eu, Camila, geminiana da gema, sinceramente não quero achar um homem pra casar. Quando eu encontrar alguém quero ir polindo-o aos poucos, aprimorando, até se ter o que quer. E espero que o mesmo seja feito comigo. Quero participar assiduamente desse processo. Porque todos os homens são iguais, mas todos aqueles que eu me relacionei eram diferentes. A igualdade masculina se resume ao que eles tem no meio das pernas e como eles lidam com isso, que vale salientar que é muito mal. Eles não sabem como reagir no pós-sexo e ai ou dormem, ou vão embora. Eu espero mais, confesso! Não quero flores tampouco um "gata, você é foda!'. Eu só quero um abraço, é tudo que eu preciso depois do que passei, mas eu nunca recebo essa acolhida. E tudo isso acontece porque os homens não sabem se expressar, e nem ousam tentar; Fizeram do comodismo um life style, e acham fantástico isso de ser canalha, boêmio e hedonista.
O que eu não quero e não prezo é o fato de ser um objeto sexual, de ser a "comida" de alguém, uma necessidade suprida e que depois pode ser descartada.
Mas como nada é como a gente quer, eu termino o sendo. Fui um objeto sexual com bônus. Porque eu sempre fui de coração aberto e mais aberta ainda ao envolvimento. E fui porque sempre acreditei no que Vinicius de Moraes também creu que "a vida só se dá pra quem se deu". E me dôo porque eu sei que alguém um dia se doará para mim também.

sábado, 17 de setembro de 2011

A(fina)idade

Devagar, isso era enfatizado a cada beijo dado, afinal o envolvimento era algo em evidência. Mas tem-se o medo e medo não é coisa que se diga. Ou é?
Se entranhar naquilo que não conhece é se perder, mas quem se perde se acha. Ou não se acha? Ou só sou eu que me acho?
Sensações. Fato de anos que esperava ser consumado.
É tudo incerteza.
Mas não há necessidade de respostas, não agora.
Quer-se mais, lascivo, afetivo, sutileza...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Pretinho.

Lembra neguinho quando você era meu?
Lembra de quando a gente se olhava por entre cadeiras e bitucas de cigarro na madrugada?
Lembra do meu ventre que sempre fora teu, lembra?
Eu lembro da saudade que sentíamos quando a vida real nos afrontava e a gente se questionava, isso seria realmente saudável?
Lembra de quando a gente se viu, lembra pretinho?
Tu olhou pro meu sorriso sem jeito, amarelo no canto da boca e sorriu também.
Lembra quando tu me acordava sem dizer nada só pra saber que os meus olhos pousariam em você?
Lembra do meu filho que você não me deu?
Lembra de mim?
Eu te lembro sempre em minha memória, pretinho.
Você entra e sai, e mesmo assim permanece.
Não calo mais, só me dissolvo ralo a baixo, pelos caminhos que você me levou, passeio pelo neblina comovente, com tuas caras e cheiros, me vejo nos teus dias, telefonemas, te encontrei na calçada à espera do nada e eu chorava, murmurava, pedia uma resposta, me diga meu amor... Aonde eu fui parar?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eu sabia que ao ver Paris, o meu sentimento por você iria regredir, e que eu não aceitaria mais o fato de você ter ido embora.
E ao ver tudo aquilo, eu disse: É, Erik, você me trocou por um bom lugar!
Mas ao mesmo tempo, eu vi o quanto era difícil estar ali sem você. Porque eu sempre soube que se você estivesse vivo, você estaria lá comigo, em carne e osso.
Você invadiu o meu 2011, e me fez ver o quanto eu era feliz e entendida. Paris foi o seu refúgio, mas pra mim ela não passou de alguns dias de perturbação. Quero você aqui, na minha vida, nos momentos difíceis, eu ainda espero que você apareça para mim naquela hora decisiva e me dê uma luz.
Você era o meu melhor amigo, e agora eu me sinto perdida, sem saber o que fazer...

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Te fode 2010!

Que ano!
Não foi fácil, mas ninguém disse que seria né?
Eu nem joguei tão de cabeça como gostaria, mas mesmo assim caí feio, caí e me levantei, com a ajuda mãos que nunca pensei que iriam ser estendidas, e fui acolhida por braços dignos de abraços!
Caí de escada, cortei cabelo, me apaixonei, me desapaixonei, chorei com vinicius e com uma garrafa de uísque, e também fiz as minhas loucuras, tive os meus surtos, e dou fim a 2010 sentindo algo que não queria sentir em 2011... Paixão!
2011 tá batendo na minha porta, e eu to com medo de deixar ele entrar, mesmo eu tendo aspirado tanto para a sua chegada... Mas vem ni mim 2011, vem que eu to fácil, vem que eu quero realizar esse sonho, e quero voltar, e começar do mesmo lugar onde tudo foi deixado!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Café com Leite - Antônio Maria

”É preciso amar, sabe ? Ter-se uma mulher a quem se chegue, como o barco fatigado à sua enseada de retorno. O corpo lasso e confortável, de noite, pede um cais. A mulher a quem se chega, exausto e, com a força do cansaço, dá-se o espiritualíssimo amor do corpo.
Como deve ser triste a vida dos homens que têm mulheres de tarde, em apartamentos de chaves emprestadas, nos lençóis dos outros! Como é possível deixar que a pele da amada toque os lençóis dos outros! Quem assim procede (o tom é bíblico e verdadeiro) divide a mulher com o que empresta as chaves.
Para os chamados “grandes homens” a mulher é sempre uma aventura. De tarde, sempre. Aquela mulher que chega se desculpando; e se despe, desculpando-se; e se crispa, ao ser tocada e cerra os olhos, com toda força, com todo desgosto, enquanto dura o compromisso. É melhor ser-se um “pequeno homem”.
Amor não tem nada a ver com essas coisas. Amor não é de tarde, a não ser em alguns dias santos. Só é legítimo quando, depois, se pega no sono. E há um complemento venturoso, do qual alguns se descuidam. O café com leite, de manhã. O lento café com leite dos amantes, com a satisfação do prazer cumprido.
No mais, tudo é menor. O socialismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga, todo o asceticismo da ioga… tudo é menor. O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira”.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Chorinho para a amiga (pro amigo, ou pro ex- namorado) - Vinicius de Moraes

Se fosses louca por mim, ah eu dava pantana, eu corria na praça, eu te chamava para ver o afogado. Se fosses louca por mim, eu nem sei, eu subia na pedra mais alta, altivo e parado, vendo o mundo pousado a meus pés. Oh, por que não me dizes, morena, que és louca varrida por mim? Eu te conto um segredo, te levo à boate, eu dou vodca pra você beber! Teu amor é tão grande, parece um luar, mas lhe falta à loucura do meu. Olhos doces os teus, com esse olhar de você, mas por que tão distante de mim? Lindos braços e um colo macio, mas porque tão ausentes dos meus? Ah, se fosses louca por mim, eu comprava pipoca, saía correndo, de repente me punha a cantar. Dançaria convosco, senhora, um bailado nervoso e sutil. Se fosses louca por mim, eu me batia em duelo sorrindo, caía a fundo num golpe mortal. Estudava contigo o mistério dos astros, a geometria dos pássaros, declamando poemas assim: "Se eu morresse amanhã... Se fosses louca por mim...". Se você fosse louca por mim, ô maninha, a gente ia ao Mercado, ao nascer da manhã, ia ver o avião levantar. Tanta coisa eu fazia, ó delícia, se fosses louca por mim! Olha aqui, por exemplo, eu pegava e comprava um lindo peignoir pra você. Te tirava da fila, te abrigava em chinchila, dava até um gasô pra você. Diz por que, meu anjinho, por que tu não és louca-louca por mim? Ai, meu Deus, como é triste viver nesta dura incerteza cruel! Perco a fome, não vou ao cinema, só de achar que não és louca por mim. (E, no entanto direi num aparte que até gostas bastante de mim...). Mas não sei, eu queria sentir teu olhar fulgurar contra o meu. Mas não sei, eu queria te ver uma escrava morena de mim. Vamos ser, meu amor, vamos ser um do outro de um modo total? Vamos nós, meu carinho, viver num barraco, e um luar, um coqueiro e um violão? Vamos brincar no Carnaval, hein, neguinha, vamos andar atrás do batalhão? Vamos, amor, fazer miséria, espetar uma conta no bar? Você quer que eu provoque uma briga pra você torcer muito por mim? Vamos subir no elevador, hein, doçura, nós dois juntos subindo, que bom! Vamos entrar numa casa de pasto, beber pinga e cerveja e xingar? Vamos, neguinha, vamos na praia passear? Vamos ver o dirigível, que é o assombro nacional? Vamos, maninha, vamos, na Rua do Tampico, onde o pai matou a filha, ô maninha, com a tampa do maçarico? Vamos maninha, vamos morar em jurujuba, andar de barco a vela, ô maninha, comer camarão graúdo? Vem cá, meu bem, vem cá, meu bem, vem cá, vem cá, vem cá, se não vens bem depressinha, meu bem, vou contar para o seu pai. Ah, minha flor, que linda, a embriaguez do amor, dá um frio pela espinha, prenda minha, e em seguida dá calor. És tão linda, menina...
Meu amor, meu amor, meu amor, que carinho tão bom por você, quantos beijos alados fugindo, quanto sangue no meu coração! Ah, se fosses louca por mim, eu me estirava na areia, ficava mirando as estrelas. Se fosses louca por mim, eu saía correndo de súbito, entre o pasmo da turba inconsútil. Eu dizia: Woe is me! Eu dizia: helàs! Pra você… Tanta coisa eu diria que não há poesia de longe capaz de exprimir. Eu inventava linguagem, só falando bobagem, só fazia bobagem, meu bem. Ó fatal pentagrama, ó lomas valentinas, ó tetrarca, ó sevícia, ó letargo! Mas não há nada a fazer, meu destino é sofrer: e seria tão bom não sofrer. Porque toda a alegria tua e minha seria, se você fosse louca por mim… Mas você não é louca por mim... Mas você não é louca por mim...